O que vejo, sinto, cheiro, provo e vou aprendendo enquanto ando por aí.
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Dice el árbol, aos incendiários e não só...
Tília e Faia bi-centenárias da Quinta de Cete - Paredes (contemporâneas de Monteiro Lobato e Domingo Faustino Sarmiento)
Num livro publicado em 1947, Monteiro Lobato, incorporou este texto de Domingo Faustino Sarmiento (1811 - 1888) no "Conto Argentino", sobre uma criança que, inocentemente, retira a casca de uma macieira. Nesse conto, Lobato reforça e actualiza para a sua época, o argumentário em defesa das árvores.
Hoje, à escala global, projectos como Home, voltam a fazer o mesmo, avisando-nos agora que estamos a por em risco a nossa própria existência. Talvez tenhamos que ir à essência do problema: A estupidez humana, resistente à passagem de séculos e gerações.
Dice el árbol
Tú que levantas contra mí tu brazo antes de hacerme daño mírame bien.
Soy el calor de tu hogar en las largas y frías noches de invierno. Soy la sombra amiga que te protege contra los riesgos del sol. Mis frutos sacian tu hambre y calman tu sed.
Soy la viga que soporta el techo de tu casa. La tabla de que está hecha tu mesa, y la cama donde duermes y descansas.
Soy el mango de tus útiles de trabajo y la puerta de tu casa. Cuando naces, tu cuna es de mí madera y cuando mueras, tú ataúd lo será también, y te acompañaré al seno de la tierra.
Soy paño de bondad y flor de belleza. Si me amas como merezco, defiendeme de los insensatos. hazme respetar. Soy el árbol.
Minha história com os cogumelos é muito emocional, como todo o meu percurso.
Lá em casa, cozinhava-se muito com cogumelos. Meu pai trazia trufas de Itália e a sua preparação, era um momento único.
Em miúdo, ficava encantado com as histórias de como e onde eram apanhadas: Em noites de trovoada, perto dos cemitérios, buuhhhhh. Enfim mitos que só aumentavam ainda mais a minha atracção pelos cogumelos. Eu queria imenso ter um cão ou um porco trufeiro, ehehehe.
Há uns 4 anos, um grande amigo deu-me um guia de cogumelos. O mesmo que ainda hoje uso. Num pinhal tropecei nuns lactários. Peguei no guia e voltei lá. Apanhei-os, cozinhei-os e comi-os. Chamaram-me maluco e com razão. É que identificar lactários apenas por um guia, até é razoavelmente seguro, mas para a maioria dos outros grupos de cogumelos é manifestamente insuficiente, ou mesmo arriscado. Principalmente para alguém como eu que estava (e ainda estou) a começar.
Tenho feito muitas caminhadas de há uns 3 anos para cá. Vira e mexe vejo cogumelos. Tiro fotografias, leio, pesquiso e pergunto online sobre eles, como funcionam, a sua morfologia, o mimetismo, as simbioses... É fascinante!!! Enquanto leigo, estou cada vez mais seduzido. O apelo sensorial de formas, cores, texturas, fragrâncias e sabores, são irresistíveis. É fantástico estar a descobrir e partilhar tudo isto de forma tão intensa. As espessuras culturais, sociais e históricas destes seres, seduzem-me de sobremaneira. Exemplos disso, são os nomes que cada região dá aos boletos em Portugal (pão-de-ló, tortulho...) já para não falar no mundo: EUA são os Burger Bun (Pão de Hamburguer), ceps em França, ou em Itália os porcini. As formas como os preparam também, são muito particulares.
Alice no país das maravilhas, tintim, pai natal, surrealistas, rituais shamânicos e os amanitas das moscas. Quem pode ficar indiferente a estes círculos vermelhos com flocos brancos?
Há uns tempos, passei por um bosque, de folhosas e coníferas, particularmente húmido. Era como se tivesse entrado num documentário televisivo sobre cogumelos. Não resisti. Desde então, vou lá sempre que posso. Coleccionei dezenas de imagens, trouxe boletos, cantarelos e russulas para a cozinha que se vão transformando em perfeitas iguarias. Entretanto apercebi-me da generosidade das pessoas tão interessantes que se encontram nestes fóruns online sobre cogumelos.
Não é o mais arranjadinho, ou o mais fácil de se colocar uma foto. Mas é onde fui bem acolhido, onde não se importam com as minhas calinadas de principiante, aceitam a minha informalidade e no momento, sem dúvida é o mais animado em Portugal. Lá, sinto-me entre amigos, em casa.
Estou deliciosamente intoxicado.
Até breve!
Manel
Porque caminho sózinho
Razão primordial: porque nunca há ninguém para se levantar, às horas que eu me levanto e ir comigo sem aviso prévio.
Mais objectivamente, porque odeio ginásios e tenho que perder peso. Mas se fosse só por isso, andava na cidade, ou já me tinha fartado das caminhadas.
Há ainda outros aspectos, como andar devagar, por ser pesado e ter medo de cair, por ficar a observar, fotografar ou a colher cogumelos e plantas. Não deve haver muita gente com paciência para me aturar ou esperar por mim.
Vai daí, é bom caminhar sózinho. É tão bom ver nascer o sol, não ver ninguém, ou encontrar alguém. É tão bom ouvir o silêncio ou ouvir a natureza. É tão bom saborear bagas, frutas, ervas, beber a água das fontes, revigorar-me nos ribeiros.
É tão bom ficar todo suado a subir um carreteiro ou perder-me numa floresta. É tão bom chegar placidamente a metros de uns garranos e eles continuarem por ali a pastar.
É tão bom contemplar e surpreender-me com as descobertas, sejam elas quais forem. Desde a paisagem mais deslumbrante ao insecto mais insignificante. Faço-o com tanto entusiasmo!
É tão bom estar no meio de uma tempestade, ver o nevoeiro passar entre as árvores e estar todo molhado. No mesmo espaço as sensações mudam, de repente ficamos mais atentos, tudo parece mais poderoso. É a intempérie. Se no mar já achava bom, na floresta também o é.
Quando caminho, esqueço-me de comer, de beber (embora não deva). Sou feliz, nada dói. É tão bom!
Enquanto caminho, falo com o que encontro, falo comigo.
E sabem? Não me sinto sózinho, não estou sózinho.
O cansaço é bom e o sono sabe melhor.
Até breve!
Manel
PS - Descansem aqueles que consideram uma irresponsabilidade da minha parte. Eu não arrisco assim tanto. Repito muitos percursos já meus conhecidos.
(Fotografia de Carlos Venade, Courel - Espanha, Ago/09)
Fui educado no Porto. E no Porto estão as minhas raízes.
Porém nasci no Brasil, com quem sempre mantenho grandes laços de afectividade, fundamentalmente pela cultura.
Talvez seja por isso que compreendo tão bem a mensagem da Jangada de Pedra, de José Saramago.
Isto só para explicar que nota-se na minha escrita um tom brasileiro. É inevitável. Meu sotaque é português, mas uso alguma construção frásica, expressões idiomáticas, coloquiais e informais brasileiras. Além de dar imensos erros. Mas o que importa é a partilha de experiências.
Se as raízes são Invictas, a pátria é bi-polar...
Manel Silva
(figura de piadas brasileiras)
Receita de Bolo e creme de iogurte com romã
-
Garfadas de uma tarde qualquer… Para 6-8 pessoas: Bolo de iogurte: 150 g de
manteiga amolecida 270 g de açúcar 240 g de farinha com fermento 250 g de
iogur...
Ufa!!!!!!!!...acabei...foram 9!
-
O sebastião está escondido nos arbustos...só me ocorre esconder-me também e
esperar que os efeitos nefastos passem...e comece rapidamente a rec...
Reflectindo sobre o incêndio de Outubro de 2017
-
*Passados estes dias já pudemos caminhar pela nossa quinta, de máquina em
punho, para registarmos os efeitos do incêndio que também nos atingiu,
ainda que...
Feliz Carnaval!
-
Hoje é Carnaval.
Um bom Galaico tenta expulsar o inverno e este reino de espíritos
malévolos, se bem que a chuba tanta falta nos faz.
Em vez de mulheres e...
Oficina de Ervas Aromáticas
-
Pois é, cá vou eu uma vez mais até Vila do Conde para, no CMIA, partilhar
com todos os que decidirem participar, a minha paixão por estes
maravilhosos sere...
Truta no forno com amêndoas e limão
-
Desde o início do mês que estou a viver e trabalhar em Londres. É uma
mudança gigantesca - pessoal, profissionalmente, e também em coisas
aparentemente ...
Edible Mushroom List
-
*Edible Mushroom List*
*Chanterelles*
The yellow or golden chanterelle mushroom (Cantharellus cibarius) is known
as the glamorous mushroom, prized f...
O tulipeiro do Barroco
-
Tulipeiro (*Liriodendron tulipifera* L.) - Museu dos Biscainhos, Braga
Tulipeiro (*Liriodendron tulipifera* L.) - Museu dos Biscainhos, Braga
Tulipeiro (...
Curriculum Vitae 2025
-
Luís Alves tem 52 anos, é do Porto. Engenheiro Agrónomo com formação
regulamentada em modo de produção biológico. Consultor de empresas.
Especializado em ...
Gigil (*)
-
Narcissus pseudonarcissus L. Não são as ervas daninhas, são as flores que
governam os jardins. Os tribunais são sensíveis aos odores que vêm da
janela, e o...
Uma Semana nos Rios Concord e Merrimack
-
Sinopse da editora ANTÌGONA:
Todos os homens estão parcialmente sepultados no túmulo do hábito, e de
alguns vemos apenas a coroa da cabeça acima do solo...
Galinha-de-água (Gallinula chloropus)
-
Esta ave é conhecida pelo seu padrão e pela sua discrição.
Preta de patas amarelas, bico vermelho com extremidade igualmente amarela,
o seu som é agudo e e...
Estação de Ourique - Alentejo
-
+
No final de Julho, depois de um dias passados na capital, parti em direção
ao Algarve, a única “província” ainda não visitada pelos meus filhos.
No cam...
RUTA DEL ALBA - A MAGIA DA ÁGUA
-
Mergulhada nas profundezas do concelho asturiano de Sobrescobio e integrada
no Parque Natural de Redes, encontramos a fantástica Ruta del Alba, um
trilh...
Mix de Caminhos - de 12 a 15 de Outubro de 2013
-
*Sábado, 12 de Outubro de 2013 – DE LUGO A FRIOL*
Os convites foram endereçados e os desafios aceites.
Cada um iniciou a preparação à sua maneira, com as...
10ª Etapa
-
Pedimos antes de mais desculpas a quem sempre nos acompanhou ao longo de
todas as jornadas pelo atraso na actualização do blog, que desta vez não se
deve a...
Tragédia no Mar
-
"Tragédia no Mar" é a denominação do feliz grupo escultórico de José João
Brito, visto aqui na tarde de hoje. Inspirado numa tela de Augusto Gomes, o
monum...
Há 1 ano
Vá lá não custa nada, cliquem aqui para saberem das novidades do blogue!
Muito bonito !
ResponderEliminar